sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A Vitória contra a Barata

De repente, no momento em que se perde o medo é que tudo parece claro apesar de caótico, bem lá no fundo da sua mente e suas sensações. É quando você se sente completa, corpo e mente, sem poder entender só com um ou outro separadamente, e  sem conseguir explicar com palavras. Nesse momento você se cala, chora e deixa a transformação acontecer dentro de você... E então volta pra vida, de verdade, um pedaço mais completa.
Tive medo da morte desde quando me deparei com ela a primeira vez, aos 8 anos, e ainda a temo. Temo perder as pessoas que amo e temo perder a minha própria vida, pois sou jovem e tenho muito a realizar ainda. E acho que sempre terei esse medo em mim, como não?
Uma vez li sobre como nossos medos nos moldam e concordo com isso. Eu sempre tive muitos medos e acho que o que me fez diferente de tantas pessoas que me rodearam é que eu sempre tive gosto por desafiá-los, por desafiar a mim mesma a superá-los. Gosto de desafios, preciso deles pra me sentir viva, por isso os busco, busco caminhos novos, busco o que não entendo, o que me escapa... Isso me move, a curiosidade o querer entender, o querer viver. Por isso acho que nunca superarei o medo da morte.
Mas alguns outros já superei, como meu medo de baratas. A maior prova disso não é só que eu consegui matar algumas baratas já, mas também porque eu consegui ler Paixão Segundo G.H., da minha amada Clarice Lispector, até o fim. Que conquista valiosa.
O que isso significa? Que eu perdi o medo de algo que eu nem sei bem o que é, mas que me assombrava e me fazia chorar só de ver uma barata, a “personificação” de um pavor sei lá do que ou por que. Talvez um acúmulo de medos. Será?.. 
É muito estranho como cada pessoa escolhe inconscientemente alguma coisa onde colocar todos os seus medos e criar o pânico de algo sem sentido ou explicação, tipo borboletas, ou gatos, ou nuvens, ou baratas. O ser humano é bizarro, ou diria que é muito interessante exatamente por isso.
Eu tenho em minha história dois episódios muito traumáticos pra explicar meu pavor de barata, mas nenhum pra explicar realmente o pânico. Mas acho que a libertação dele foi bastante simbólica, abriu um novo momento meu, de mais coragem e confiança em mim mesma. Como eu acabei com esse pânico? Bom, um dia eu percebi o quão sem sentido era e me lembrei de alguns métodos que tinha ouvido falar, sobre como parar de ter medo de algo. O que chamou minha atenção era um que você devia olhar fotos da coisa temida e uma hora ia passar... achei muito estranho e agressivo, mas escolhi esse método para tentar.
Abri o google e teclei barata, aí li umas coisas evitando focar nas imagens e percebendo algumas coisas que faziam eu ter tanta raiva delas, é raiva. Uma conclusão que cheguei aos poucos foi que elas sempre apareciam para me assombrar à noite, a única hora em que eu estava sozinha, em um momento precisoso só meu (a única “zumbi” da casa, como dizia a minha mãe). Eu sempre dividi quarto com minha mãe, então não tinha aquele privilégio que outras pessoas tiveram de estar só no meu quarto, de fechar a porta e ter o meu mundo... a sala de TV de madrugada era o meu mundo, o meu momento.
E então de repente aquele ser maldito nojento surgia e atrapalhava tudo! Se era voadora então, aí não tinha como nem tentar fingir que eu não estava com medo, tinha que pedir ajuda de alguém, tinha que me entregar, que escutar bronca, enfim, acabava tudo.
Animais de hábito noturno, ok, eu também. Solitários, ok, eu também. Grupo cosmopolita, nossa, sonhava com grandes cidades. São onivoras, eu também. São animais como tantos e tantos existentes, mas qual o sentido da existência desses seres horríveis? Bem, e qual o sentido da vida de qualquer outro, tipo o ser humano?
OK, vou focar em olhar as fotos... Nossa, são várias formas e até cores, nossa, que interessante, apesar de nojento... Alguns minutos olhando e lendo tudo aquilo e de repente entendi que aquilo era apenas mais um ser vivo e que fazia sentido eu ter nojo, ok, mas não havia razão alguma para o pânico, então em vez de surtar com as baratas, achei mais inteligente começar a buscar em mim quais eram meus reais medos e encará-los de frente, como as fotos das baratas.
Apesar de saber o tamanho do problema que estava comprando, me senti bastante aliviada e dona de mim com isso. E quando matei uma barata com toda raiva por ela estar interrompendo meu momento de solidão e criação, me senti uma verdadeira vencedora. Venci a batalha pela primeira vez! Que orgulho!
Mas não foi a primeira batalha que venci, ainda bem, pois nesse momento já tinha 28 anos. Mas foi uma batalha tão marcante que gerou todo um processo interno de mudanças. A partir desta "chavinha girada" e eu sigo olhando nos olhos de cada medo e chamando ele pro ringue!

E eu dedico essa coragem ao meu avô, que me ensinou desde cedo que na vida é preciso força e coragem! Acho que está orgulhoso de mim! <3 span="">

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Wishing

I wish you come
I wish you want
I wish you love
as I do love you

I wish you move
I wish you need
I wish you have
to be that close to me

I wish you fell
me wishing you
And wish I was
just what you've ever thought!

Then wonder you coming,
you moving and meeting
me here on the other side
loving me just like I love you.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Sweet Love Affair



Momento own... apenas um primeiro rabisco de ideias (não originais) que tenho há tempos sobre linguagem, música, dança e poesia.. isso foi só pra lembrar que eu não sei desenhar, mas é a sementinha que ta começando a querer brotar de alguma conexão de neurônios que nem sei... hahaha..

Eu - colagem


*Feita para aula de Dança Moderna. Colagem com coisas que eu gosto.

Fall for you...






domingo, 22 de setembro de 2013

Amplo horizonte

Ser novo em amplos horizontes
de desafios que lhe impulsionam
a quem realmente quis ser

As cortinas se abrem
apenas para você respirar
novos ares e conquistar

Não mundos distantes
não quem pensou amar
mas o seu mais essencial

Seu sonhar ganhou mais asas
seu caminhar mais chão
sua mente se liberta finalmente...

This is who I am now
do you like it?
I don't care
I don't mind
'cause I am mine

I'm here just to live my own life
I must hurry 'cause time goes by
and if I stand still
I won't catch the breeze and fly

...high in the sky
look what I found out
I'm a cloud, not a clown
I'm free either to fall down

But I won't stop myself
no more,
never more,
'till the day I die
or maybe further on

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Nas nuvens...

Nas nuvens

é o meu lugar

é onde amo estar

é onde posso sonhar

                                   Nas nuvens
é macio
                        é leve
é claro
            e doce

Nas nuvens
.......................................viajo....................................

Nas nuvens meu coração dança,
                                                    minha voz canta
e eu
me calo


Nas nuvens,
no espaço


em branco


saltito,       crio,        vivo,         plena.

Nas nuvens amo

                    amo tudo, o mundo
                                                            amo me transcender
                                         
                                               do humano

                       simplesmente

ser.

Quem sabe?

Vazia
mas cheia de vida e desejos
Perdida
sem certeza alguma
Calada
com medo das sílabas
Precisa
sem saber por que

Buscando
retomar sonhos
Andando
em direções dispersas
Voltando
ao ponto de partida
Quem sabe
finalmente se achando?

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Poética momentânea de vida

Fui aquela que acreditou... que eu seria tantas coisas... que conquistaria mundos... que seria querida por tantos... que seria amada loucamente por um...

Que a vida é agora, que a festa é a resposta, que dançar é se elevar, que não poderia me entregar... Que lutar era a condição, que vencer era quase ilusão, que cair e depois se levantar era algo extraordinário demais para mim.

Que a familia era tudo... e depois era nada... e depois era complicada... e então que é a única, como é. Que os amigos vinham e se iam, porque eu fui embora tantas vezes, e aprendi a abandonar e a superar, e vi que amigos mesmo eram poucos. E que eu também não fui bacana muitas vezes.

Porque todos mudamos, porque nos tornamos mais solitários, porque a vida nos marca fundo e porque as certezas ficam cada vez mais escassas. Porque eu já não quero muito mais, porque não acredito em muito mais, porque não amo muitos mais, porque não sou muito mais... Sou uma vida dentre muitas, mas sozinha por condição. Sou mais uma que busca amor, e que deseja paz e crescente superação.

Já desejei uma cama grande de casal, hoje apenas busco o companheiro. Já desejei um ótimo emprego, hoje não quero ninguém me mandando. Já desejei mudar tanta gente, hoje só quero que sejam felizes. Já desejei morrer, hoje temo a morte mais do que viver.

Sinto falta de tanta gente que se foi, ou que ficou pelo caminho... e parece que minha condição é ter saudade. E raramente me reconhecer no espelho.

Tive medo do que pensariam de mim, hoje tenho mais medo do que eu penso sobre eu mesma e o mundo. Tive medo de me interditarem, hoje busco conhecer e aceitar meus limites. Depois de tantas opiniões, hoje convivo com a indecisão. Depois de tantas desilusões, não me movo agora para nenhuma louca paixão.

Estou cansada e com muito sono. Estou exausta de tanto medo... do que eu quero ou do que eu não quero
do que eu faço ou do que eu não faço, do que eu sou ou do que eu não sou... e dessa inconstância que me acompanha há tempos.

Eu só queria me deitar com você. Só queria carinho e paz. Só queria me conhecer um pouco mais. Só queria dormir e não acordar mais dos sonhos tão mais interessantes que a realidade em que me encontro agora. Porque estou cansada e não sei por que te quero tanto.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Minha hipocrisia

Eu sou sua!
Tão sua que nem sei
quando parei de ser minha
e ter o controle do caminho

Abri mão da vontade
de liberdade infinita
pra não sei o que
ou para onde mesmo iria

Pros seus braços
de sincero amor e dor
da ausência minha
minhas fugas, meu pavor

A cegueira tapada e vã
Fingindo não querer ir
E sendo cada vez mais
Sua, só sua, intensamente

Dolorosamente distante
vomitando ainda em sua cara
minha sincera imaturidade
tardiamente sua.

Agora me falta ser minha
Mentira que tanto lhe contei
e acreditei ser dona
da vida, de mim, de você

Hipócrita, sim, por me achar
mais madura ou esperta
tentando nos controlar e cansando
a você e a mim... da vida.

Paulo Britto

Sempre me lembro dessas poesias que li na faculdade e mexeram de verdade comigo.. então hoje, relendo mais uma vez, resolvi compartilhar. Acho que nunca postei-as aqui..

DEZ SONETOS SENTIMENTAIS
VII

A consistência exata dessa insônia,
a forma certa desse medo, o gesto
seco que rejeita essa necessidade
abjeta de se ser quem não se é -
a aceitação completa da vontade
insuportável de querer o que
se quer, a sede obscena de se tragar
o copo junto com a bebida - coisas
tão simples, que só pedem a paciência
sábia dos que aprenderam a se aturar,
a santa complacência de quem lambe
as próprias chagas e aprecia o gosto -
não por requinte de nojo, mas só
por nunca haver provado outro sabor.

DUAS BAGATELAS

I
O que conheço de mim
é quase só o que sei,
e o que sei é quase só
o que não quero saber.
resta saber se isso tudo
é só o começo ou se é o fim
ou - o que é pior que tudo -
se é tudo.

II
Então viver é isso,
é essa obrigação de ser feliz
a todo custo, mesmo que doa,
de amar alguma coisa, qualquer coisa,
uma causa, um corpo, o papel
em que se escreve,
a mão, a caneta até,
amar até a negação de amar,
mesmo que doa,
então viver é só
esse compromisso com a coisa,
esse contrato, esse cálculo
exato e preciso, esse vício,
só isso.

terça-feira, 23 de abril de 2013