sexta-feira, 30 de julho de 2010


Por que essa eternidade
cabe em cada dia
cada hora que passa
na minha mente aflita?

Não há ópio
mas placebos
prazeres fugazes
que me parecem tão verdadeiros

Uma calma inquietante
Os passarinhos de cantos histéricos
Um azul que balança entre branco
e o verde das folhas e galhos

Entre estórias reais e imaginadas
Entre livros e quatro paredes
Na memória dessa cidade
Em cada pedra, cada canto, minha casa

Morada de minhas epifanias
da minha pobreza
das minhas cores e formas
diversas, mutantes, meus ciclos.

Meus ciclos
Meus ciclos...

terça-feira, 27 de julho de 2010

Pequeno Conto


Sentado no banco da praça,
vislumbrando as árvores e prédios
na cidade da oportunidade,
onde tudo acontece...
e não se chega por culpa do trânsito

Aos poucos os sonhos, suas realizações
vão ficando tão caros e distantes
que os olhos começam a perder o foco
e o sono prevalece.. e te ganha
ali mesmo

Melhor abrir o guarda-chuva,
me enrolar no plástico e no papelão...
vai que à noite chova
Já basta meu suor frio e minhas lágrimas,
ou aquele maldito que às vezes vem me mijar

A pulga atrás da orelha
que causa tantos sonhos perturbados
também me acorda, com uma puta coceira
além da dor nas costas que agora está pior.

Onde estou?
Acho que está na hora de ir pra casa...
Chega!

domingo, 25 de julho de 2010



Lunática
de exêntricas ladainhas
Libertina, às vezes leviana
Lapidando memórias
como uma legista
analisa seus mortos

Lembranças latejantes
desejos silenciados, lacrados
lamentos, lacunas
lágrimas, lama, lixo, lar
A lascívia da rua vence

Na liturgia pagã
ritos de passagem, de perdas
lírios, lupas, livros
tentativas de localizar sonhos
liberdade tão ilusória
Lívida me olho no espelho

Lutadora lúgubre
ludibriada por si mesma
pela ausência do lúdico
da inocência perdida tão cedo
Necessidade urgente de luzir longe...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Um haikai



Às vezes de dentro pra fora,
às vezes o inverso,
deixamos pra trás o infinito...

Redenção


A loucura bate à porta,
espia pelas frestas
velhas e novas
e eu vou cansando de tentar
me convencer
de que é melhor não deixá-la entrar

É inútil tentar controlar
todos os esconderijos que existem
dentro ou fora da casa
que nunca foi nem tão segura,
nem tão livre

Entra, sinta-se à vontade
pra dominar
minhas palavras, ações.. meu coração
que às vezes inverte os papéis com minha mente
e uma morte fica à espreita, no escuro

Quem perturba?
Quem ousa me atrapalhar?
Estou só, me alimentando de alma,
de hipotálamo, de epitáfios.. de concreto

E o desejo abstrato de salvação
parece que o encontrarei
num jardim bonito
de uma clinica
verde, igual ao metrô em São Paulo
vivendo no subsolo
virando adubo

Avante Minas!


A luz amarela
da chama cansada
clamejando, diariamente
por caminhos e perdões

Ora está forte
Ora se apaga
nas próprias lágrimas,
mendigas mortas

E o que age sobre o mundo
é a vontade de deuses
pagãos, da transformação

Aqueles intelectos que entenderam
que a reza é inimiga da ação.
Levanta-te e anda!