domingo, 20 de dezembro de 2015

Descobertas profundas
Sempre virão
Com grandes mudanças

De um crescente estado
De potência nasce
A transubstanciação.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Quimera

Finjo tanto que chego quase a acreditar que sou alguém
que de fato sente
que de fato sofre
que, de fato, positivamente
encara que a vida é uma farsa
é um talvez
é um pudera
é um quem dera

Que o mundo fosse diferente
na mente que se sente
sempre tão divergente
mas mente que de fato sente

Porque de fato ela ressente
por ser tão indiferente
por não sentir mais nada
por não saber absolutamente
quem é, ou quem de fato
sempre quis ser, sem saber
nem entender

o que significa viver?

Nunca soube nem acho mais
que um dia chegarei a crer
que existe um por quê
que existe um querer
mas apenas o eterno des_faz_er

que nem fim deve ser
mas um se reverter em absolutamente tudo
e nada... e em paz, com sabor
de terra molhada e de bolor,
na beleza do se decompor
e finalmente ser tudo porque absolutamente nada mais.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

De mãos dadas com meu herói

Aquele cheiro de tangerina saiu da minha caneca diretamente em direção às minhas memórias...

Eu descia a rua de casa, vindo do mercadinho onde minha família tinha conta na caderneta. Tínhamos ido, meu avô e eu, comprar qualquer coisa que precisavam para o almoço daquele dia de fim de semana. Ou talvez fosse só a cerveja para molhar os papos.

Lembro-me que o dia estava bonito e a rua era de paralelepípedo e bastante ingrime. A sacola que meu avô carregava era de lona verde e muito batida. Era sua predileta. Descíamos a rua sorrindo e conversando. Com uma mão eu segurava o dedão da mão grande de meu avô. Com a outra mão eu segurava um picolé de tangerina e não sabia o que me dava mais prazer, o gosto do picolé ou o simples fato de estar passeando de mãos dadas com meu avô.

Um amor profundo percorreu meu coração naquele dia e hoje eu o senti completa e novamente. Eu voltei àquele momento por um instante, de olhos fechados, enquanto tomava meu chá. E sorri de novo, apesar da dor da saudade, mas com a certeza de que amei e fui amada por meu maior herói.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Poema de mim

Quando corro
sem querer me
perder
pra saber do pouco
que ainda há de querer

Com medo
de nunca encontrar
aquilo que me tenha
sentido
e me faça voltar

Chego n'algum lugar
ermo, vazio e 
Não acho...
apenas me percebo
com medo

sem desejo de nada
sem vontade de vida
sem espaço pra nada
sem perspectiva

Cansada de dispersar
tanta energia no ar
sem foco, sem fio, sem par
sem ninguém no meu lugar

Onde eu mesma
nunca quis estar
de onde corri sem parar...
de onde não posso me destacar

Eu não quero,
não quero!
Eu quero sair
quero fugir
sumir

Me deixe ir
Deixe-me fingir
que partir é o caminho
pois dentro do ninho
não há espelhos pra mim

Me deixe respirar...
meu desejo é voar
me desapegar
deste corpo, transmutar. 

minha vontade é escapar
não estar num lugar
mas ser todo o mundo
em deleite eterno e profundo.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

O Cume

Cumieira...
Cume? ladeira?
Parece chuva
longe

Parece tempestade
bem aqui.

No alto da nuvem
de onde o vento sai
com pressa e
me leva
me eleva
me espera
cair

Tem sonhos
que morrem sonhos
pois não querem
se desgastar
ou desistir
de sonhar
e chorar

Então vivo um zumbi
escravo de mim
de ralidades
e insanidades

Vivo o hoje
querendo que acabe
que um dia
essa casa que se abre
cesse de ceder
de fingir ser
o alvorecer e não
o lindo entardecer

Em laranja e rosa
em bolo, café e prosa
em colo e cafuné
em reza com fé

Em montanha e terra
Em águas e muito ar
Em simples ser
Em profundo amar.

Meu deus,
por todos os deuses,
me diz
foi mesmo você
quem me deu esta vida
sofrida?

Um chegar
já com com sabor salgado
de despedidas
constatntes, doídas...
e a sequência de novo
do novo, da vida?

Que insiste em vencer
em lutar querendo
ser feliz!

Desejando desvelar
o sentido do caminho
o fundo do poço
e o brilho do luar

Cheia de canto,
de alegrias medrosas
do gostar demais
do se entregar à dança
e se perder sem fim

do azul e do negro
do misterioso universo (              
                                                      )


Medo de consumir todo o oxigênio
e quando chegar beeeem alto
não conseguir respirar
E sufocar o grito
que por toda a vida
esperou o cume
pra se revelar.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Desamor

Por que? Pra que?
Não pode!
NÃO!

Não vá, não sinta,
não desista também.

Siga!
Vai indo
vai rindo
fingindo
que tá tudo bem.

Que a vida é isso.
Só isso.
Um cisco rolando
a esmo, no mesmo.

Sem som, sem cor...
sabor amargo
de rancor.

que por fim virou torpor
pra esquecer
do desamor