sexta-feira, 23 de setembro de 2016

euGuimarãesemeuavô

Meu avô é uma memória que fica ali, naquela caixinha de todas as alegrias da minha infância.
Hoje é aniversário de seu nascimento, e eu só posso ficar feliz por ter tido o melhor avô do mundo, porque era isso que ele era: o avô mais lindo, mais forte, mais amoroso, e que tinha pernas bastante peludas só pra eu poder brincar de puxar os pelinhos enquanto estava sentada em seu colo conversando com ele na cozinha, de tardezinha... até o anoitecer.

Meu avô conheceu o Guimarães Rosa... e um dia eu soube disso ao abrir um livro que o autor tinha autografado para ele, com um recado carinhoso. Era o Terceiras estórias... meu amor aumentou mais, minha admiração aumentou mais, e também meu desejo de que agora eu pudesse, já adulta, sentar com meu avô para dividir uma cerveja e escutar todas as suas estórias com Guimarães.

Esses dois homens que eu amo um dia sentaram e tomaram uma cerveja, talvez outra coisa, conversando sobre a vida, sobre literatura? Ou será sobre o que falaram?... Eu nunca saberei os segredos que compartilharam... e isso não posso mudar. Amargo o sabor da frustração.

Meu avô era quem me incentivava a dançar, uma grande paixão minha. Hoje eu gosto ainda mais é de escrever, aliás, já gostava das duas coisas quando a gente convivia... mas hoje eu queria saber das estórias deles dois... e queria que eles dois soubessem das minhas estórias, e que a gente conversasse sobre a vida e sobre literatura e sobre amores e desamores... e pudéssemos chorar juntos, sorrir juntos e quem sabe até dançar... euGuimarãesemeuavô.

Eu ia me sentir muito importante e quem sabe até acreditasse que eu sei escrever, não como Guimarães, claro que não. Mas como uma admiradora que gostaria de poder me contagiar das palavras daqueles dois homens que eu amo e que um dia estiveram na mesma sala, e ficaram amigos. Amigos será? Amigos, cúmplices!

Eu me lembro de conversar coisas muito importantes com meu avô, sobre o amor por exemplo. E de ler estórias belíssimas de Guimarães... mas os dois juntos?! Só nos meus sonhos posso viver esse encontro. Em meus delírios de escritora e bailarina... Eu dançaria pro meu avô e pra João, seu amigo. Uma música argentina, um tango... e então dançaria com um, e depois com o outro. E depois escreveria a mais bela estória de amor da minha vida.

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