domingo, 23 de outubro de 2011

Sketches

A gata se esquivou, fez charme, miou.. e então gritou pedindo algo que eu não compreendia, se massageando com lascívia no chão. Eu parado fumando um cigarro olhando pra ela pensei: comida, água, um lar, vez ou outra um afago, o que mais pode querer um gato?
Então pensei logo: liberdade! Abri a porta da casa e ela correu, pulou no muro, parou um instante e me olhou agradecida. Então se perdeu em uma noite que imagino de muitas emoções. A primeira de muitas, pois isso se tornou um hábito nosso. O que fez a relação muito melhor pra ambos, devo dizer.

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A cruz devia acalmá-lo, mas o deixava ainda mais angustiado. Como facilitaria acreditar que o messias veio salvá-lo. A responsabilidade sobre a própria vida é algo bastante doloroso de se aprender. Fazer tudo certo é impossível e às vezes o preço dos erros é obsceno, mas é assim que é né?
- Ave Maria, pai nosso, me ajuda a decidir o que é melhor pra me justificar a existência nesse mundo de decomposição!
Às vezes sou um nada, às vezes uma carga por demais pesada numa maldita encruzilhada...
Aqui não nos é dito que de louco e médico todos temos um pouco, acho que geraria uma confusão tremenda, melhor manter a hierarquia, essa hipocrisia insana dos que se acham melhor porque sabem contar até um milhão.
Eu acredito sim, na paixão que nos guia à criação de mundos melhores possíveis na ilusão. Tão boa a liberdade da diversão, da curiosidade, do diferente...
- Vem seu filho da puta! Deixa a mamãe te ensinar que o mundo não é brincadeira e que o tempo corre! Rápido! Vem se trocar e almoçar!
É uma piada mesmo, me ensinaram a ser honesto! Trouxa! Pra me chocar com a ignorância de quem paga as minhas contas!? E eu que sou louco por me revoltar? E alguém aqui tem alguma boa explicação pra tanto absurdo???

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O que me angustia é essa roleta russa de imagens e sentimentos que me acomete no meio do meu caminho. O barulho das folhas secas que eu estava pisando há pouco de repente se transforma em uma conversa que tento achar o significado. Começo uma incursão por memórias confusas sem nenhum coelho branco pra me guiar... Só pessoas desconexas que agora estão juntas.
Como pode acontecimentos te transformarem tantas vezes numa só vida!?
Eu simplesmente cansei de tentar distinguir o presente dos meus sonhos e devaneios. Vou tentando aprender com o que vivo. O problema é a frequência que me vejo completamente fora do ar ultimamente.

2 comentários:

  1. Adoro sempre o que escreve . Deixei um recado nas páginas feicebuqueanas...Beijos Taci

    Otavio

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