quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

De mãos dadas com meu herói

Aquele cheiro de tangerina saiu da minha caneca diretamente em direção às minhas memórias...

Eu descia a rua de casa, vindo do mercadinho onde minha família tinha conta na caderneta. Tínhamos ido, meu avô e eu, comprar qualquer coisa que precisavam para o almoço daquele dia de fim de semana. Ou talvez fosse só a cerveja para molhar os papos.

Lembro-me que o dia estava bonito e a rua era de paralelepípedo e bastante ingrime. A sacola que meu avô carregava era de lona verde e muito batida. Era sua predileta. Descíamos a rua sorrindo e conversando. Com uma mão eu segurava o dedão da mão grande de meu avô. Com a outra mão eu segurava um picolé de tangerina e não sabia o que me dava mais prazer, o gosto do picolé ou o simples fato de estar passeando de mãos dadas com meu avô.

Um amor profundo percorreu meu coração naquele dia e hoje eu o senti completa e novamente. Eu voltei àquele momento por um instante, de olhos fechados, enquanto tomava meu chá. E sorri de novo, apesar da dor da saudade, mas com a certeza de que amei e fui amada por meu maior herói.

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