quarta-feira, 4 de junho de 2014

A solidão

A solidão foi minha amiga por bastante tempo.
Filha única, deslocada, desterritorializada, aérea,
sonhando com personagens, terras misteriosas, aventuras
num sentimento inominável de desejo de algo distante

Eu escutava com atenção minhas amigas e os adultos
e brincava na rua com os meninos, me divertia,
mas chorava baixinho sozinha, sentindo o mundo grande demais
difícil demais, às vezes confuso demais ou cruel

O fato de estar ali para meus queridos, de me sentir uma boa amiga
de me importar com o mundo, maravilhada pela sua riqueza,
de buscar sempre fazer o meu melhor e ser sempre melhor
me dava uma ilusão de que estava tudo bem, pois eu fazia parte

Mas um dia a solidão me assustou porque de surpresa,
aquela amiga largou da minha mão e se foi...
aquele amigo me pareceu estranho e eu me fui...
um amor acabou e me corroeu a esperança mais ingênua

Enfim realmente só, sem conseguir me abrir,
sem conseguir ler uma boa história, ou ver um bom filme
sem conseguir escutar aquela música sem doer
sem poder abraçar todos aqueles que não estão, nunca mais

A solidão foi o que me restou, vagando, buscando
quem sabe pra sempre algo intangível porque tão simples
desejando apenas o amor e a paz, os discos e os livros
os sorrisos e os silêncios confortáveis dentro do meu próprio lar.

O meu próprio lar.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Un momento d’affetto

Guardandola negli occhi con tenerezza e affetto, ha preso ognuno dei suoi fermagli, lentamente, ampiamente accarezzando ogni parte, poi libera...

Con un sorriso lui ha trovato che lei era poi nuda, la su' anima completamente esposta. I suoi sospiri appartenevano a lui e il suo terrore riposava sul suo petto, finalmente in pace.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Um dia sonhei com as nuvens

Um dia eu sonhei com as nuvens
e viajei...
experimentei...
vivi...
sorri, me confundi, me perdi...

Um dia eu percebi
que o que perdi
foram apenas ilusões
e ganhei o mundo

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Mas a imensidão é assustadora
e também indescritível

As mesmas asas que batem forte e longe
ainda buscam o ninho

O pulsar é a constante


Um momento de afeto



Olhando em seus olhos com ternura e afeto, ele tirou cada um dos grampos de seu cabelo lentamente, acariciando extensamente cada parte então liberta.
Com um sorriso constatou que então ela estava nua, sua alma completamente exposta. Seus suspiros eram dele e seu pavor descansava em seu peito, finalmente em paz.

Imagem: colagem minha de duas imagens retiradas da internet.

terça-feira, 18 de março de 2014

R.I.P.

Eu estou só vivendo a minha vida, como eles queriam. Quer dizer, não era isso que eles queriam? Que eu me virasse, que eu soubesse o que fazer e parasse de perguntar por que?

Por vezes engulo a seco meu conhaque e vou pra cama desejando não acordar nunca mais, mas ainda não aconteceu. Parece que ainda sou saudável demais pra isso.

Então de manhã eu tomo minhas vitaminas, meu café, meu banho e vou trabalhar. De novo. Eu gosto de algumas pessoas no meu trabalho, mas meu chefe é um tapado idiota que nasceu pra tornar a vida dos outros um inferno. Eu diria que ele é muito bem sucedido.

Por vezes antes de voltar pra casa no fim do dia paro num bar com karaokê, onde umas boazudas adoram cantar e dançar. Gosto de vê-las se embebedando e insinuando pra todos os ordinários clientes, como eu. Acho que eu gosto de uma delas, mas nunca nos falamos.

Eu já tive uma mulher me esperando em casa com a janta pronta, mas um dia ela não estava mais lá. Eu nunca nem quis saber pra onde tinha ido e depois de pouco tempo parei de esperar que ela voltasse. Ela engravidou uma vez, mas perdeu a criança aos dois meses. Achei melhor assim.

Quando você olha o mundo de perto, com algum cuidado, não acho possível ter nenhuma fé na humanidade. Por que eu ficaria feliz em colocar mais um infeliz no mundo? Quer dizer, se existe mesmo um Deus, com certeza ele nos abandonou, desistiu do homem, triste, descrente de nós, assim como eu. Não quero colocar filho nesse mundo sujo.

Mas uma vez na semana Maria me visita e exorciza meus demônios. Ela tem um corpo bacana, gosto dos peitos dela, tamanho perfeito. Ela faz eu me sentir homem de verdade. E então vai embora, de volta pro marido e os filhos.

Às vezes eu subo no topo do prédio, à noite, e assisto a cidade morrer aos poucos ao fim de mais um dia exaustivo. É um prédio alto, acho que eu morreria na hora se pulasse, indolor... Acredito que eu um dia, sem aviso prévio, vou voar... descansar em paz.

Enquanto isso vou vivendo, de conhaque e vitaminas. Saúde!

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Work in progress

Estou trabalhando em cima de um poema que escrevi há um tempo chamado "Wondering you", para uma coreografia que criarei em Janeiro, mas já tenho escrito uma música e uma ideia de video, para inspirar outros processos criativos...

Aqui uma foto do poema trabalhado visualmente, e o video experimental com a música que fiz até o momento...

Working on a poeam I wrote som e time ago called "Wondering you" (posted here). The final work will be a choreography and possibly and animated movie... Here's a video to inspire the process filmed in my room and the sound track is the music I've been creating... It's just the beginning! :).

The video: http://www.youtube.com/watch?v=-7ND4-45_GQ

The poem:


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A Vitória contra a Barata

De repente, no momento em que se perde o medo é que tudo parece claro apesar de caótico, bem lá no fundo da sua mente e suas sensações. É quando você se sente completa, corpo e mente, sem poder entender só com um ou outro separadamente, e  sem conseguir explicar com palavras. Nesse momento você se cala, chora e deixa a transformação acontecer dentro de você... E então volta pra vida, de verdade, um pedaço mais completa.
Tive medo da morte desde quando me deparei com ela a primeira vez, aos 8 anos, e ainda a temo. Temo perder as pessoas que amo e temo perder a minha própria vida, pois sou jovem e tenho muito a realizar ainda. E acho que sempre terei esse medo em mim, como não?
Uma vez li sobre como nossos medos nos moldam e concordo com isso. Eu sempre tive muitos medos e acho que o que me fez diferente de tantas pessoas que me rodearam é que eu sempre tive gosto por desafiá-los, por desafiar a mim mesma a superá-los. Gosto de desafios, preciso deles pra me sentir viva, por isso os busco, busco caminhos novos, busco o que não entendo, o que me escapa... Isso me move, a curiosidade o querer entender, o querer viver. Por isso acho que nunca superarei o medo da morte.
Mas alguns outros já superei, como meu medo de baratas. A maior prova disso não é só que eu consegui matar algumas baratas já, mas também porque eu consegui ler Paixão Segundo G.H., da minha amada Clarice Lispector, até o fim. Que conquista valiosa.
O que isso significa? Que eu perdi o medo de algo que eu nem sei bem o que é, mas que me assombrava e me fazia chorar só de ver uma barata, a “personificação” de um pavor sei lá do que ou por que. Talvez um acúmulo de medos. Será?.. 
É muito estranho como cada pessoa escolhe inconscientemente alguma coisa onde colocar todos os seus medos e criar o pânico de algo sem sentido ou explicação, tipo borboletas, ou gatos, ou nuvens, ou baratas. O ser humano é bizarro, ou diria que é muito interessante exatamente por isso.
Eu tenho em minha história dois episódios muito traumáticos pra explicar meu pavor de barata, mas nenhum pra explicar realmente o pânico. Mas acho que a libertação dele foi bastante simbólica, abriu um novo momento meu, de mais coragem e confiança em mim mesma. Como eu acabei com esse pânico? Bom, um dia eu percebi o quão sem sentido era e me lembrei de alguns métodos que tinha ouvido falar, sobre como parar de ter medo de algo. O que chamou minha atenção era um que você devia olhar fotos da coisa temida e uma hora ia passar... achei muito estranho e agressivo, mas escolhi esse método para tentar.
Abri o google e teclei barata, aí li umas coisas evitando focar nas imagens e percebendo algumas coisas que faziam eu ter tanta raiva delas, é raiva. Uma conclusão que cheguei aos poucos foi que elas sempre apareciam para me assombrar à noite, a única hora em que eu estava sozinha, em um momento precisoso só meu (a única “zumbi” da casa, como dizia a minha mãe). Eu sempre dividi quarto com minha mãe, então não tinha aquele privilégio que outras pessoas tiveram de estar só no meu quarto, de fechar a porta e ter o meu mundo... a sala de TV de madrugada era o meu mundo, o meu momento.
E então de repente aquele ser maldito nojento surgia e atrapalhava tudo! Se era voadora então, aí não tinha como nem tentar fingir que eu não estava com medo, tinha que pedir ajuda de alguém, tinha que me entregar, que escutar bronca, enfim, acabava tudo.
Animais de hábito noturno, ok, eu também. Solitários, ok, eu também. Grupo cosmopolita, nossa, sonhava com grandes cidades. São onivoras, eu também. São animais como tantos e tantos existentes, mas qual o sentido da existência desses seres horríveis? Bem, e qual o sentido da vida de qualquer outro, tipo o ser humano?
OK, vou focar em olhar as fotos... Nossa, são várias formas e até cores, nossa, que interessante, apesar de nojento... Alguns minutos olhando e lendo tudo aquilo e de repente entendi que aquilo era apenas mais um ser vivo e que fazia sentido eu ter nojo, ok, mas não havia razão alguma para o pânico, então em vez de surtar com as baratas, achei mais inteligente começar a buscar em mim quais eram meus reais medos e encará-los de frente, como as fotos das baratas.
Apesar de saber o tamanho do problema que estava comprando, me senti bastante aliviada e dona de mim com isso. E quando matei uma barata com toda raiva por ela estar interrompendo meu momento de solidão e criação, me senti uma verdadeira vencedora. Venci a batalha pela primeira vez! Que orgulho!
Mas não foi a primeira batalha que venci, ainda bem, pois nesse momento já tinha 28 anos. Mas foi uma batalha tão marcante que gerou todo um processo interno de mudanças. A partir desta "chavinha girada" e eu sigo olhando nos olhos de cada medo e chamando ele pro ringue!

E eu dedico essa coragem ao meu avô, que me ensinou desde cedo que na vida é preciso força e coragem! Acho que está orgulhoso de mim! <3 span="">

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Wishing

I wish you come
I wish you want
I wish you love
as I do love you

I wish you move
I wish you need
I wish you have
to be that close to me

I wish you fell
me wishing you
And wish I was
just what you've ever thought!

Then wonder you coming,
you moving and meeting
me here on the other side
loving me just like I love you.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Sweet Love Affair



Momento own... apenas um primeiro rabisco de ideias (não originais) que tenho há tempos sobre linguagem, música, dança e poesia.. isso foi só pra lembrar que eu não sei desenhar, mas é a sementinha que ta começando a querer brotar de alguma conexão de neurônios que nem sei... hahaha..

Eu - colagem


*Feita para aula de Dança Moderna. Colagem com coisas que eu gosto.

Fall for you...






domingo, 22 de setembro de 2013

Amplo horizonte

Ser novo em amplos horizontes
de desafios que lhe impulsionam
a quem realmente quis ser

As cortinas se abrem
apenas para você respirar
novos ares e conquistar

Não mundos distantes
não quem pensou amar
mas o seu mais essencial

Seu sonhar ganhou mais asas
seu caminhar mais chão
sua mente se liberta finalmente...

This is who I am now
do you like it?
I don't care
I don't mind
'cause I am mine

I'm here just to live my own life
I must hurry 'cause time goes by
and if I stand still
I won't catch the breeze and fly

...high in the sky
look what I found out
I'm a cloud, not a clown
I'm free either to fall down

But I won't stop myself
no more,
never more,
'till the day I die
or maybe further on